A Campanha pelas Águas de Viçosa e contra o Mineroduto prossegue sua caminhada. A cada dia se somam mais e mais pessoas nesta luta e as atividades estão conseguindo trazer reflexões e questionamentos à população viçosense e de toda a região. Após nossa ultima ação pública, a Marcha pelas Águas e contra o Mineroduto, realizada no dia 26 de maio, surgiram algumas dúvidas da população: “ainda a tempo de fazer alguma coisa? O mineroduto já não está vindo? Essa movimentação adianta alguma coisa?”.
Tentando esclarecer esses questionamentos, viemos
estimular aqueles que ainda não estão conosco para que venham lutar pelo futuro
das águas de Viçosa. O mineroduto da Ferrous, empresa de capital norte-americano,
inglês e australiano, projeta conduzir minério de ferro de Congonhas (MG) até
um porto em Presidente Kennedy (ES), atingindo 22 municípios passando
por Viçosa.
Todo empreendimento de grandes proporções como este
deve passar por um processo de licenciamento nos órgãos ambientais para ser
construído. O mineroduto da Ferrous possui somente a Licença Prévia, que é a
licença que aprova os estudos de impacto ambiental da empresa. A
Licença de Instalação do mineroduto não foi concedida! Não tem mineroduto
vindo. Ele ainda é só um projeto!Portanto, não há motivo para pessimismo.
Placa da Ferrous fincada dentro d'água |
Temos ainda que nos atentar sobre a legitimidade da
Licença Prévia adquirida pela Ferrous. Os estudos de impacto ambiental da
empresa dizem que as águas onde o mineroduto vai passar em Viçosa são usadas
somente para consumo animal e irrigação. Ora, você sabe muito bem que metade da
população viçosense e toda a UFV dependem da água que vem do Ribeirão São
Bartolomeu, não é mesmo? E agora, como ficamos diante da aprovação de um estudo
que não consta o abastecimento de nossa cidade? Alguma coisa tem de ser feita,
você não concorda?
E sabe o que é ainda pior? Viçosa, assim como a UFV,
não para de crescer, ou seja, a demanda de água aumenta a cada dia. De acordo
com o próprio SAAE, operamos o Ribeirão São Bartolomeu em seu limite. Se a
época de estiagem se prolongar, metade da cidade fica sem água. Tentando criar
maneiras de solucionar esse problema, o SAAE projeta uma ETA 3, captando água
do Ribeirão Turvo Limpo na região de Maynart. Ao que parece ninguém avisou a
Ferrous sobre isso, pois o mineroduto projeta passar na região de Juquinha de
Paula, justamente em cima das nascentes, córregos e brejos que abastecem o
Ribeirão Turvo Limpo. E ainda mais, o mineroduto corta o Ribeirão Turvo Sujo,
em divisa com Coimbra, manancial responsável pelo abastecimento da outra metade
da cidade. E agora? Podemos aceitar isso?
Além do iminente problema com a água, temos também
muitos problemas com as famílias que estão no trajeto do mineroduto. A empresa,
desde que chegou a Viçosa, vem agindo de má fé com as famílias.
Sistematicamente invade propriedades, instala placas sem autorização, não
oferece informação adequada, assedia moralmente os proprietários e negocia de
maneira injusta, sem critérios e muito aquém do que valem as propriedades. O
que será das famílias que não querem perder suas plantações, currais, quintais,
matas e casas por um projeto que não tem nada a oferecer em troca, a não ser o
lucro de uma empresa privada que nem brasileira é?
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Lavoura de agricultora ameaçada |
Na tentativa de impedir todo esse desastre ambiental
e social, os atingidos e diversas organizações populares vem se unindo para
pensar maneiras de barrar esse empreendimento. Relacionamos aqui alguns
encaminhamentos em andamento: enviamos um oficio com centenas de assinatura
solicitando à Câmara Municipal a imediata implantação da APA São Bartolomeu. A
Câmara, pelo que temos acompanhado, ainda nada fez. Solicitamos um
posicionamento oficial da Câmara Municipal, da Prefeitura, da Secretaria de
Meio Ambiente, do SAAE e da UFV em relação ao mineroduto. Até então,
desconhecemos qualquer posicionamento. Você sabe de algum?
Entramos
com uma ação no Ministério Público de Viçosa que nos atendeu com prontidão e
uma perícia do MP Estadual está sendo feita para avaliar de fato os impactos do
mineroduto. Em julho, ocorrerá uma audiência pública do Ministério Público
Estadual na cidade para discutir os impactos do mineroduto da Ferrous no estado
de Minas Gerais. Também está sendo realizado um estudo detalhado por técnicos
para contar quantas nascentes serão destruídas pelo mineroduto na cidade. A
empresa afirma que são 30. Suspeitamos que chegam a 60.
Além desses encaminhamentos institucionais, buscamos
cada vez mais que a população de Viçosa se sinta sujeito ativo deste processo.
Diante da ausência de nossos governantes e autoridades, somos nós que temos que
ser protagonistas desta história. Não descansaremos enquanto não soubermos que
nossas águas estão seguras e que os direitos dos atingidos estarão garantidos. O
povo unido é povo forte e a força da nossa organização é maior! Fora
mineroduto!
Campanha pelas Águas de Viçosa e
contra o Mineroduto
Movimento
dos Atingidos por Barragens - MAB
Associação
de Moradores do Palmital
Associação de Moradores do Santa Clara
Paróquia Nossa Senhora de Fátima
Projeto
de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens - PACAB
Associação dos Geógrafos Brasileiros - AGB
Levante Popular da Juventude
Levante Popular da Juventude
Associação
Brasileira do Estudantes de Engenharia Florestal – ABEEF
Federação
dos Estudantes de Agronomia do Brasil - FEAB
Entidade
Nacional dos Estudantes de Biologia - ENEBIO
Articulação
Nacional dos Estudantes de Ciências Sociais - ANECS
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