quinta-feira, 17 de julho de 2014

NÃO À APROVAÇÃO DE MAIS UM EMPREENDIMENTO MINERADOR! FORA MANABI!!

A especulação pelos minérios por multinacionais querem multiplicar crateras como esta em MG

Manifestamos para a sociedade nossa indignação perante a possibilidade de mais um licenciamento de mineração irresponsável em Minas Gerais. Em tempos de insegurança sobre o abastecimento de água, ameaça de crise energética, de desmatamento recorde e outros ataques ao meio socioambiental, o que seguimos assistindo é o aprofundamento do caráter primário-exportador de nossa economia, que amplia as amarras do subdesenvolvimento de nosso Estado e de nosso País.

O que está em jogo agora é o licenciamento da mina de extração da empresa Manabi, localizada em Morro do Pilar, região central de MG. Está marcada, para o dia 21 de julho, as 13h30, a 84ª reunião da Unidade Regional Colegiada Jequitinhonha do Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM) no Auditório da Prefeitura Municipal de Diamantina, que apreciará a solicitação do empreendedor para obtenção da Licença Prévia, sem a devida análise dos impactos cumulativos regionais, da salvaguarda de novos territórios de proteção ambiental e das projeções futuras de demanda hídrica, da fragmentação das unidades familiares, do processo fragmentado de licenciamento, do método de negociação utilizado pela empresa, etc.

Mesmo com as constantes reclamações de condições precárias de trabalho - baixos salários, baixo efetivo de trabalhadores(as), sucateamento de equipamentos e pressão dos empreendedores nas análises os técnicos da SUPRAM (Superintendência Regional de Regularização Ambiental) deram parecer prévio favorável ao licenciamento, mediante a velha prática de estabelecer “condicionantes” – nada menos do que 42!

Mas a pergunta é: As compensações de fato “compensam” os danos provocados? E, mais do que isso, a quem interessa mais um empreendimento de extração de minério de ferro atropelando a perspectiva social, ecológica, econômica e cultural sustentável de desenvolvimento?

O licenciamento dessa mina será só o começo do que pode ser mais um empreendimento de destruição de larga escala regional. Numa exploração prevista para 20 anos de duração a Manabi pretende escoar seu minério (31 milhões toneladas/ano previstos inicialmente) por um mineroduto que pretende percorrer 23 municípios (entre MG e ES), por 511 Km, e chegar ao litoral do Espirito Santo, onde pretende construir um porto.

Pretende repetir o rastro de destruição e saque das águas que é o mineroduto, a exemplo do que temos sofrido com o mineroduto Minas-Rio (que percorre 525 Km entre Conceição do Mato Dentro/MG e São João da Barra/RJ), da empresa Anglo American. Bem como criar mais um porto no Estado do Espírito Santo (que já possui 8 portos!), passando por cima de comunidades tradicionais, atingindo a vida de centenas de pescadores e causando destruição a uma biodiversidade inigualável.

Ciente da devastação e revolta que tem gerado a extração de minério de ferro, a Manabi foi criada em março de 2011 e tem carregado um discurso de empresa nova, com “novas práticas”. No entanto, os fatos mostram que não há nada de novo. Exemplo disso é que seu fundador é Ricardo Antunes Carneiro Neto, que trabalhou por anos na antiga Companhia Vale do Rio Doce e foi co-fundador das LLX e MMX, ambas empresas do grupo de Eike Batista.

Nós, movimentos organizados, pesquisadores/as e lutadores/as sociais dizemos em alto e bom som: NÃO À APROVAÇÃO DE MAIS UM EMPREENDIMENTO MINERADOR! FORA MANABI!!

Estamos organizados em torno da resistência à implantação do mineroduto da Manabi, que teve no Seminário de Açucena (abril/2014) um marco da resistência que congregou diversos movimentos, pesquisadores/as e prefeitos/as que disseram não ao caráter primário-exportador da mineração, não ao mineroduto que sequestra nossas águas e causa grandes devastações e por um novo pacto federativo que dê melhores condições de desenvolvimento para os municípios de pequeno e médio porte, para que as cidades se fortaleçam e não fiquem sensíveis ao discurso de geração de empregos feito pelos grandes empreendimentos.

Além de outras resistências como o pedido feito no Ministério Público Federal pela ADDAF (Associação de Defesa e Desenvolvimento Ambiental de Ferros) requisitando a anulação da Audiência Pública realizada no município de Ferros (MG), em que nada foi dito para população a respeito dos impactos sócio-ambientais do mineroduto, bem como a resistência dos moradores de Regência (Linhares) que, no dia 12 de julho, em atividade organizada por dois grupos de pesquisas da Universidade Federal do Espírito Santo (OCCA e Organon) disseram FORA Manabi! Não ao mineroduto! Não ao Porto!

E agora conclamamos a sociedade, bem como aos conselheiros e as conselheiras do COPAM: Digamos não à Mina de extração da Manabi! Basta de destruição! A dita “vocação para minerar” está matando o nosso Estado! Não precisamos exportar minério para viver! A devastação deste empreendimento não diz respeito apenas a Morro do Pilar, mas sim ao conjunto do povo mineiro, do povo do Espírito Santo, do povo brasileiro!

Por tudo isso, apelamos para o apoio de toda a sociedade, bem como conclamamos providências do Ministério Público. Digamos não a mais essa proposta de destruição! Informamos também aos conselheiros e às conselheiras da SUPRAM que tal decisão se encontra, neste momento, em suas mãos: Digam não! Não sejam corresponsáveis por mais esse crime contra a vida!

Registre seu apoio, reforce a mensagem NÃO À APROVAÇÃO DE MAIS UM EMPREENDIMENTO MINERADOR! FORA MANABI!

Divulgue essa nota, que será lida e entregue para os conselheiros e conselheiras da SUPRAM na reunião do dia 21 de julho em Diamantina. Novas adesões (assinaturas), enviar para foramanabi@gmail.com

Brasil, 17 de julho de 2014

ADDAF – Associação de Defesa e Desenvolvimento Ambiental de Ferros
Ação Franciscana de Ecologia e Solidariedade - AFES
Articulação Antinuclear Brasileira
Associação de Conservação Ambiental Orgânica (ACAÓ) - Santa Maria de Itabira
Articulação dos Atingidos pela Mineração do Norte de Minas – MG
Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB
Ame a Verdade
Associação Alternativa Terrazul
Associação Brasileira de Reforma Agrária
Associação Para a Recuperação e Conservação Ambiental - ARCA AMASERRA
Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária – AMAR
Associação de Proteção ao Meio Ambiente - APROMAC
Associação de Saúde Ambiental – TOXISPHERA
Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida – (APREMAVI – SC)
Associação do Patrimônio Histórico, Artístico e Ambiental de Belo Vale (APHAA-BV)
Associação PRIMO - Primatas da Montanha
Brasil Pelas Florestas
Brigadas Populares
Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de MG
Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente a Mineração
Coletivo Margarida Alves
CEPASP – PA
Campanha Pelas Águas e contra o Mineroduto da Ferrous
Cáritas Diocesana de Sobral – CE
Cantos do Mundo
Consulta Popular
Conselho Indigenista Missionário – CIMI
Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas – CONAQ
Central Única dos Trabalhadores – CUT
Centro Franciscano de Defesa dos Direitos
Centro de Ecologia Integral de Betim - CEIB
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria – CNTI
CSP-Conlutas
Comissão Pastoral da Terra – CPT
Conselho Pastoral dos Pescadores
Comissão Paroquial de Meio Ambiente (CPMA) de Caetité
Evangélicos Pela Justiça
Educafro Minas
Fase
FBOMS
Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Ambiental
Frente de Luta pelos Direitos Humanos
Fórum Carajás
Grupo de Extensão Universitária - Organon (UFES)
Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente da UFMA (GEDMMA)
Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte - GPEA/UFMT
Gestão Socioambiental do Triângulo Mineiro (Angá)
Greenpeace
Grupo Franciscano de Educação Ambiental
Hutukara Associação Yanomami (HAY)
Instituto Caracol - iC
Instituto Socioambiental - ISA
Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - Ibase
Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul – PACS
Instituto Brasileiro de Educação, Integração e Desenvolvimento Social - Ibeids
Justiça nos Trilhos
Juventude Atingida pela Mineração - PA e MA
Juventude Franciscana do Brasil – JUFRA
Justiça Global
Levante Popular da Juventude
Marcha Franciscana
Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra - MST
Movimento Nacional pela Soberania Popular frente à Mineração - MAM
Movimento dos Atingidos por Barragens - MAB
Movimento dos Pequenos Agricultores - MPA
Movimento pela Moralidade Pública e Cidadania - Ong Moral MT
Movimento pelas Serras e Águas de Minas (MovSAM)
Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela
Movimento Guará e Xô Mineradoras
Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça e Cidadania
Movimento Artístico, Cultural e Ambiental de Caeté - MACACA (Caeté/MG)
Marcha Mundial de Mulheres
Observatório de Conflitos no Campo (OCCA – UFES)
Ordem Franciscana Secular - OFS
Pastoral da Juventude Rural - GO
Pedra no Sapato
Pastorais Sociais / CNBB
Rede Brasileira de Justiça Ambiental
Rede Cearense de Juventude pelo Meio Ambiente – RECEJUMA
Rede Axé Dudu
Rede Brasileira de Ecossocialistas
Rede Mato-Grossense de Educação Ambiental – REMTEA
Rede Causa Comum
Rede Franciscana de Justiça, Paz e Ecologia - Sinfrajupe
REAJA
Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia – SINFRAJUPE
Secretariado de Missão e Evangelização da Província Franciscana Santa Cruz
Serviço Franciscano de Justiça, Paz e Integridade da Criação - OFM/PSC
Sindiquimica - PR
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Açucena - MG
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Simonésia - MG
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porteirinha - MG
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canaã dos Carajás – PA
Sindicato Unificado da Orla Portuária - SUPORT ES
Serviço Interfranciscano de Ecologia e Solidariedade – SINFRAJUPE
Sindicato Metabase Inconfidentes
SOS Serra da Piedade (MG)
UNICON - Unidos Por Conceição
VIVAT International

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Oficina na Escola Estadual Santa Rita debate impactos do mineroduto

Entre os dias 14 e 15 de Julho, membros da Entidade Nacional de Estudantes de Biologia (ENEBIO) e do Levante Popular da Juventude, ambas entidades construtoras da Campanha pelas águas e contra o mineroduto da Ferrous, estiveram presente na Escola Estadual Santa Rita de Cássia para alertar a comunidade escolar sobre os impactos ambientais e sociais que podem vir a acontecer caso o empreendimento venha a ser construído na região.

Com cartazes para expor na escola, turma posa para foto!
                
Os membros da campanha debateram junto aos estudantes, sobre a atual situação de falta de água no município de Viçosa, devido ao longo período de estiagem e a baixa capacidade do rio São Bartolomeu para abastecer plenamente a população viçosense. Os bairros mais altos sofrem constantemente com a falta de água, principalmente durante os períodos de pouca chuva. O abastecimento de água do município se tornou um problema estrutural para a cidade. Caso o mineroduto seja construído a tendência é que a situação se torne insustentável. Por isso a articulação da campanha pelas águas segue alertando a população de Viçosa sobre os riscos relacionados à efetivação desse projeto.

                
Representação da situação da cidade, e se a Ferrous passar em?

Turma atenta assiste documentário
 Além de comprometer o abastecimento de água de Viçosa, o empreendimento tem um custo ambiental muito alto, em razão da quantidade significativa de áreas de nascentes que se encontram ao longo do percurso do mineroduto. Somente na bacia do São Bartolomeu serão trinta nascentes atingidas, segundo o relatório apresentado pela Associação de Geógrafos Brasileiros. Até o presente momento, a prefeitura de Viçosa não emitiu um posicionamento a respeito desse tema.


Militante da ENEBIO facilita a dicussão na sala de aula

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Reitora da UFV diz estar convicta dos problemas que o mineroduto poderá trazer ao município de Viçosa

Campanha Pelas Águas cobra posicionamento da reitoria
Membros da Campanha Pelas Águas e Contra o Mineroduto da Ferrous e do Diretório Central dos Estudantes (DCE) se reuniram nesta quinta feira (05/07) com a reitora da UFV, professora Nilda de Fátima, a fim de cobrar um posicionamento da universidade para garantir e resguardar a segurança hídrica do campus universitário e de Viçosa em relação à passagem do mineroduto da Ferrous.

Luiz Paulo Guimarães, estudante de biologia e coordenador da Campanha, iniciou a reunião contextualizando as ações do movimento contra o mineroduto desde o seu surgimento até os dias hoje, apresentou os avanços conquistados e os laudos técnicos elaborados por diversos órgãos.

“O Centro de Apoio Técnico (CEAT) do Ministério Público Estadual encontrou inconsistências no Estudo de Impacto Ambiental da Ferrous, por exemplo, o estudo afirmava que Viçosa não fazia uso de água para consumo humano do São Bartolomeu. A Associação de Geógrafos Brasileiros (AGB) encontrou subestimação de dados, a Ferrous afirmara que iria impactar 6 nascentes na bacia do São Bartolomeu, a AGB fez levantamento e encontrou que seriam 30 nascentes afetadas. O SAAE, maior autoridade no que tange abastecimento de água em Viçosa, elaborou um relatório técnico contextualizando a fragilidade do abastecimento da cidade e o quão danoso seria implantar um mineroduto na região. A Câmara Municipal já elaborou uma moção de repúdio à implantação do mineroduto e, recentemente, o CODEMA também se manifestou com parecer técnico contrário a passagem do empreendimento nas bacias que abastecem Viçosa. Ou seja, já temos subsídios técnicos suficientes para entender que o mineroduto irá agravar severamente o abastecimento de água. É papel nosso, enquanto universidade pública, zelar pela sociedade brasileira, temos de tomar um posicionamento e evitar que a Ferrous prejudique a segurança hídrica da UFV e da população viçosense” solicitou o coordenador da Campanha.

Os membros da Campanha também apresentaram notícias de jornais que relatam os baixos níveis dos reservatórios de captação de água e a situação alarmante de falta de água que a cidade vem enfrentando, o que pode afetar, inclusive, o andamento das aulas na universidade.

Juliana Stelzer, também membro da coordenação da Campanha, relembrou que em maio foi realizado uma mesa-debate que reuniu mais de 500 pessoas da comunidade universitária e contou com a participação do diretor presidente do SAAE, Sânzio Borges e o Chefe da Divisão de Água Esgoto da UFV, Prof. Rafael Bastos. No evento, os dois especialistas enfatizaram os sérios riscos ao abastecimento de água caso o projeto seja implementado, pois impactará diretamente a bacia do Ribeirão São Bartolomeu, principal fonte que abastece a cidade e a universidade.

Durante a reunião, a reitora afirmou estar preocupada com a situação e convicta sobre os graves impactos que o mineroduto poderá provocar ao município de Viçosa e à UFV. Ela garantiu ter conhecimento dos pareceres produzidos pela Divisão de Água Esgoto da UFV, o qual expõe a fragilidade do abastecimento de água na universidade e se posiciona contrário à passagem do mineroduto no município, e do relatório elaborado pelo Departamento de Fitotecnia, contrário à passagem do duto na estação experimental da UFV, na região de Quartéis, em Coimbra. “Estamos preocupados sim com essa questão, estou ciente do problema, tanto é que coloquei para discussão na pauta do Conselho Universitário (CONSU). Em reunião no dia 26 de junho foi deliberada uma comissão especial que ficará responsável para elaboração de um relatório e um seminário institucional para que o colegiado possa tomar uma posição embasada” garantiu a reitora.

Apesar de considerar frágil esta medida, os coordenadores da Campanha solicitaram empenho e protagonismo da reitora nessa questão, a Profª Nilda respondeu que vai fazer o possível, mas que deve respeitar a decisão do CONSU.


Após o exposto, a Campanha reafirmou que continuará firme nesta luta, contribuindo para que a universidade não desvie de sua função social e tome o melhor posicionamento para a garantia do direito a água para população viçosense e para a própria UFV.