segunda-feira, 7 de julho de 2014

Reitora da UFV diz estar convicta dos problemas que o mineroduto poderá trazer ao município de Viçosa

Campanha Pelas Águas cobra posicionamento da reitoria
Membros da Campanha Pelas Águas e Contra o Mineroduto da Ferrous e do Diretório Central dos Estudantes (DCE) se reuniram nesta quinta feira (05/07) com a reitora da UFV, professora Nilda de Fátima, a fim de cobrar um posicionamento da universidade para garantir e resguardar a segurança hídrica do campus universitário e de Viçosa em relação à passagem do mineroduto da Ferrous.

Luiz Paulo Guimarães, estudante de biologia e coordenador da Campanha, iniciou a reunião contextualizando as ações do movimento contra o mineroduto desde o seu surgimento até os dias hoje, apresentou os avanços conquistados e os laudos técnicos elaborados por diversos órgãos.

“O Centro de Apoio Técnico (CEAT) do Ministério Público Estadual encontrou inconsistências no Estudo de Impacto Ambiental da Ferrous, por exemplo, o estudo afirmava que Viçosa não fazia uso de água para consumo humano do São Bartolomeu. A Associação de Geógrafos Brasileiros (AGB) encontrou subestimação de dados, a Ferrous afirmara que iria impactar 6 nascentes na bacia do São Bartolomeu, a AGB fez levantamento e encontrou que seriam 30 nascentes afetadas. O SAAE, maior autoridade no que tange abastecimento de água em Viçosa, elaborou um relatório técnico contextualizando a fragilidade do abastecimento da cidade e o quão danoso seria implantar um mineroduto na região. A Câmara Municipal já elaborou uma moção de repúdio à implantação do mineroduto e, recentemente, o CODEMA também se manifestou com parecer técnico contrário a passagem do empreendimento nas bacias que abastecem Viçosa. Ou seja, já temos subsídios técnicos suficientes para entender que o mineroduto irá agravar severamente o abastecimento de água. É papel nosso, enquanto universidade pública, zelar pela sociedade brasileira, temos de tomar um posicionamento e evitar que a Ferrous prejudique a segurança hídrica da UFV e da população viçosense” solicitou o coordenador da Campanha.

Os membros da Campanha também apresentaram notícias de jornais que relatam os baixos níveis dos reservatórios de captação de água e a situação alarmante de falta de água que a cidade vem enfrentando, o que pode afetar, inclusive, o andamento das aulas na universidade.

Juliana Stelzer, também membro da coordenação da Campanha, relembrou que em maio foi realizado uma mesa-debate que reuniu mais de 500 pessoas da comunidade universitária e contou com a participação do diretor presidente do SAAE, Sânzio Borges e o Chefe da Divisão de Água Esgoto da UFV, Prof. Rafael Bastos. No evento, os dois especialistas enfatizaram os sérios riscos ao abastecimento de água caso o projeto seja implementado, pois impactará diretamente a bacia do Ribeirão São Bartolomeu, principal fonte que abastece a cidade e a universidade.

Durante a reunião, a reitora afirmou estar preocupada com a situação e convicta sobre os graves impactos que o mineroduto poderá provocar ao município de Viçosa e à UFV. Ela garantiu ter conhecimento dos pareceres produzidos pela Divisão de Água Esgoto da UFV, o qual expõe a fragilidade do abastecimento de água na universidade e se posiciona contrário à passagem do mineroduto no município, e do relatório elaborado pelo Departamento de Fitotecnia, contrário à passagem do duto na estação experimental da UFV, na região de Quartéis, em Coimbra. “Estamos preocupados sim com essa questão, estou ciente do problema, tanto é que coloquei para discussão na pauta do Conselho Universitário (CONSU). Em reunião no dia 26 de junho foi deliberada uma comissão especial que ficará responsável para elaboração de um relatório e um seminário institucional para que o colegiado possa tomar uma posição embasada” garantiu a reitora.

Apesar de considerar frágil esta medida, os coordenadores da Campanha solicitaram empenho e protagonismo da reitora nessa questão, a Profª Nilda respondeu que vai fazer o possível, mas que deve respeitar a decisão do CONSU.


Após o exposto, a Campanha reafirmou que continuará firme nesta luta, contribuindo para que a universidade não desvie de sua função social e tome o melhor posicionamento para a garantia do direito a água para população viçosense e para a própria UFV. 



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