domingo, 7 de julho de 2013

A "Viçosa Que Queremos" não tem mineroduto


O mês de junho foi marcado por grandes mobilizações em todo o Brasil. Jovens, trabalhadores, sindicatos e movimentos sociais foram às ruas lutar pela garantia e ampliação de direitos, pelo passe livre, redução da jornada de trabalho, pelos 10% do PIB para educação, contra o leilão dos petróleos, melhorias na saúde, democratização dos meios de comunicação, pela redução do preço da luz, combate a corrupção, entre outras.

         Em Viçosa não foi diferente, milhares de pessoas tomaram às ruas da cidade manifestando contra os principais problemas do município. Para obter conquistas, os manifestantes se articularam em assembleias e organizaram o movimento Viçosa Que Queremos. A fim de definir as principais pautas do movimento foram criados eixos temáticos, entre eles o de meio ambiente, cujo principal ponto levantado foi o problemático projeto de implantação do mineroduto da Ferrous.

         A Ferrous, empresa multinacional, projeta a construção de um mineroduto ligando Congonhas (MG) à Presidente Kennedy (ES) para escoar minério de ferro. Passando por 22 municípios, ele pretende percorrer cerca de 15 km em Viçosa. Este empreendimento é o exemplo claro do modelo de exploração mineral adotado pelo Estado brasileiro que permite o saqueio de nossas riquezas por grandes grupos privados, mantendo em grande medida a economia do país com aspectos coloniais, baseada na exportação de matérias primas.

         A chegada da empresa Ferrous na cidade gerou uma serie de conflitos, especialmente com as famílias que vão ter suas propriedades atingidas. A conduta da Ferrous com os proprietários foi extremamente truculenta, invadindo propriedades sem autorização, oferecendo valores irrisórios de indenização, negociando de forma diferenciada de acordo com a condição social dos atingidos, assediando moralmente, além de não divulgar informações corretas e qualificadas sobre as reais consequências do empreendimento.

         Se não bastasse as violações aos direitos das famílias atingidas, é extremamente preocupante o trajeto estabelecido pela empresa na passagem em Viçosa. Pois atravessa justamente as áreas de mananciais de captação de água do município, o que comprometerá substancialmente o abastecimento hídrico da cidade. Os mananciais atingidos serão o Ribeirão São Bartolomeu, Rio Turvo Sujo e Rio Turvo Limpo, neste último, o SAAE pretende futuramente construir a terceira estação de tratamento de água em Viçosa.

         É de conhecimento que os mananciais de Viçosa operam em seu limite, sendo recorrente a falta de água nas partes altas do município. Você já imaginou se o mineroduto passar por cima deles? Vale a pena o sucesso de uma empresa multinacional em detrimento do abastecimento hídrico de nossa cidade?

         Os estudos apontam que não. Uma perícia realizada pelo Ministério Público Estadual constatou falhas no estudo de impacto ambiental apresentado pela empresa Ferrous (http://pt.scribd.com/doc/103079552/Pericia-Mineroduto-Ferrous-MPMG) e, um relatório elaborado pela Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB) averiguou que diferentemente do estudo apresentado pela mineradora, serão mais de 60 nascentes atingidas no território de Viçosa (http://campanhapelasaguas.blogspot.com.br/2012/10/associacao-de-geografos-brasileiros-agb.html). Além disso, o SAAE e a Divisão de Água e Esgoto da UFV já se posicionaram contrários à passagem do mineroduto.

         Diante disso, Viçosa precisa fazer uma escolha: ou opta pelo mineroduto ou pelo abastecimento de água. A sociedade civil organizada na Campanha Pelas Águas e no Viçosa Que Queremos já fez a sua escolha.

Portanto, para que prevaleça os interesses da coletividade e a segurança hídrica do município, se faz necessário o posicionamento da Prefeitura Municipal de Viçosa e Reitoria da UFV contra a passagem do mineroduto, assim como a implantação da Área de Proteção Ambiental (APA) do São Bartolomeu.  

 

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