Cerca
de 100 pessoas participaram da Assembléia
Popular: impactos do Mineroduto da Ferrous em Paula Cândido e Região
realizada no último sábado (20) pelas entidades integrantes da Campanha pelas Águas e contra o mineroduto
da Ferrous. O objetivo foi reunir a população da cidade e de outras regiões
atingidas para discutir os impactos sociais e ambientais do empreendimento e
pensar alternativas de resistência.
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População preocupada lota salão paroquial |
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Participantes preocupados com os impactos que podem vir.. |
Letícia Faria, membro da coordenação
do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) salientou que o modelo de
desenvolvimento ao qual o mineroduto faz parte, não tem nada a oferecer ao
povo. “O mineroduto é um projeto dos capitalistas que querem roubar nossos
minérios e, junto com nossas águas, atropelar tudo o que tiver em seu caminho,
sejam nossas matas, nascentes, plantações, casas, toda a nossa historia, para
um único objetivo: o lucro de uma empresa multinacional”, declarou. Ela apontou
ainda que o projeto mantém o país com uma economia com aspectos coloniais,
baseada na exportação de matérias primas, deixando toda a destruição social e
ambiental para o povo brasileiro.
Cachoeira ameaçada pelo mineroduto |
Por todo o trajeto em Paula Cândido, mineroduto atravessa nascentes e cursos d'água.. |
Casa e curso d'água ameaçados pelo mineroduto |
Participação Popular
Após a abertura do debate, Dona Carmelita,
agricultora atingida pelo mineroduto na comunidade do Morro do Jacá, colocou
como a empresa é desrespeitosa no trato com os atingidos: “A moça foi lá em
casa e falou que iria priorizar a minha casa, que em compensação ia ter que
pegar o meu bananal, meu pé de laranja, manga, todas minhas plantas. Eu virei
para ela, com todo respeito claro, e perguntei se ela achava que as plantas tinham
ido parar ali por acaso. Ora! Foram anos de suor, de trabalho para eu
conquistar meu pedaço de terra e ter meu pé de laranja, vocês estão achando que
eu vou abrir mão assim deles? De jeito nenhum! Não vai ser fácil passar por
aqui não!”, desabafou.
Everaldo,
vereador em Paula Cândido, disse ter ficado sensibilizado com os depoimentos e
que não sabia do que estava acontecendo no município. “A Câmara Municipal de
Paula Cândido desconhece tudo isto que foi apresentado aqui. Não sabemos desta
forma violenta que empresa vem agindo com as famílias, nem dos impactos
ambientais em nossas águas. O que a Câmara tem conhecimento é baseado nos relatórios
e visitas da Ferrous, e que pelo o que ela apresenta está tudo bem, e as
pessoas estão todas satisfeitas. Mas com os depoimentos aqui colocados, vejo
que a empresa está passando o poder público para trás” afirmou.
O
Professor Idelmino, membro da Campanha
Pelas Águas e Contra o Mineroduto da Ferrous, relatou como a empresa tentou
coibi-lo de continuar na organização. “A Ferrous tem medo da nossa organização,
estamos conseguindo passar a informação do que de fato é o mineroduto, e não da
forma como ela quer que interpretamos. Eles chegaram a ligar no número da minha
esposa perguntando o que eu queria com a movimentação e eu fui bem claro na
resposta. Em Viçosa, sou morador do bairro Santa Clara, região que sofre
constantemente com o desabastecimento de água nas épocas de estiagem, o que eu
estou fazendo participando ativamente da Campanha Pelas Águas nada mais é que
lutar pela defesa do que há de mais importante para nossa sobrevivência, a água
é nosso bem mais importante, temos que defende-la” afirmou.
A Assembléia
teve boa participação, tanto de moradores de Paula Cândido quanto de outros
municípios atingidos e solidários a luta dos trabalhadores, como Acaiaca,
Muriaé, Viçosa e Conselheiro Lafaiete.
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Pd. João, prefeito de Acaiaca, se colocando a disposição na luta junto aos atingidos |
Decisões
Após
ampla discussão dos problemas do mineroduto, a Assembléia Popular deliberou
pela continuidade da Campanha Pelas Águas
e Contra o Mineroduto da Ferrous e por reforçar a pressão sobre os órgãos públicos, a começar pela
Câmara de Vereadores ao qual o vereador Everaldo prometeu colocar em pauta ainda
esta semana na reunião. Foi encaminhada uma Ação Coletiva de Paula Cândido
contra a passagem do mineroduto e a solicitação de estudos para averiguar os
impactos nos recursos hídricos do município.
Também
foi decidido pela difusão dos resultados da atividade e continuar na tentativa
de sensibilizar mais pessoas sobre os impactos do empreendimento na região.
A Assembléia Popular foi encerrada
com grande animação puxada pela batucada do Levante Popular da Juventude e
acompanhada pela partilha de um prato chamado pelos organizadores de “sopão fora
Ferrous”.