Neste sábado,
(25), cerca de 100 pessoas compareceram ao ato popular em defesa das águas,
realizado pelos grupos de reflexão das Paróquias de Viçosa, Campanha Pelas
Águas, NACAB, MAB e Levante Popular da Juventude. O ato popular faz parte da
programação da Semana em Defesa das Águas e seria realizado no dia 21 de março,
mas devido à chuva, o evento foi adiado para 25 de abril. Os organizadores só
não esperavam é que chovesse também nesta data, mas não deu outra, a chuva caiu
durante a passeata. Apesar da chuva, a convicção dos manifestantes fez com que
seus ânimos não fossem abalados e o ato prosseguiu ovacionando a queda da água
até a Praça Silviano Brandão.
 |
Debaixo de chuva, os manifestantes lutavam contra os projetos de morte |
 |
Entusiasmo com a chegada da chuva |
O
ato popular foi realizado pela manhã, partindo da feira de produtores com muita
animação, cartazes, faixas e gritos de ordem. Durante a passeata os
manifestantes distribuíram panfletos e dialogaram com a população alertando sobre
os impactos no abastecimento público da especulação imobiliária e a instalação
do mineroduto da Ferrous em Viçosa. O
ato contou com o apoio e agito do grupo de maracatu O Bloco e, também, com a
apresentação do rapper MC Soldado cantando o “Rap Pelas Águas”.
 |
MC Soldado mandando Rap Pelas Águas |
 |
O Bloco, sacudiu a avenida em defesa das águas com o maracatu |
Durante
a manifestação algumas intervenções marcaram o tom do ato popular. Rosilene
Pires, da coordenação da Campanha Pelas Águas ressaltou a insustentabilidade do
modelo de mineração em Minas Gerais. “O Estado ainda insiste em um modelo de mineração
que só beneficia as grandes mineradoras, nossos minérios são saqueados e nossas
serras, águas e comunidades destruídos; com os minerodutos fica bem claro,
nossos minérios vão das minas até os portos, tirando a água do povo mineiro
para maximizar os lucros das empresas!”, Rosilene ainda lembrou que o código da
mineração está em tramitação na Câmara Federal e que, se aprovado da forma como
está, a permissividade às mineradoras será ainda maior.

O
mineroduto da Ferrous não foi o único tema de preocupação dos manifestantes, a
irresponsabilidade das construtoras e imobiliárias em Viçosa alerta os
especialistas. O Professor da UFV, Rafael Bastos, especialista em abastecimento
público, chamou a atenção que esta discussão entre o conflito de construtoras e
água é antiga na cidade. “Participando da manifestação de hoje me lembro do
movimento SOS São Bartolomeu, construído na década de 90, e percebo que mesmo
com todo o clamor da população, com a evidente falta de água, o setor
imobiliário age a cada dia de forma mais irresponsável, e o poder público,
infelizmente, quando não é condescendente com as construtoras, atua de maneira
ainda insuficiente”, Rafael ainda reforçou a necessidade da adoção de medidas
de conservação na bacia do São Bartolomeu para assegurar um abastecimento sadio
e pleno à população viçosense.
 |
Prof. Rafael Bastos chama a atenção da petulância e irresponsabilidade do setor imobiliário |
Ao
passar em frente à Prefeitura, Frederico, liderança comunitária do Bairro
Silvestre, reivindicou a efetivação do Monumento Natural da Cachoeira do
Silvestre. “Criaram o Monumento, mas depois de criação nada mais se fez, hoje a
cachoeira está largada e sendo utilizada para fins inapropriados, queremos que
a Prefeitura efetive o parque da cachoeira, pois é um monumento natural e um potencial
ponto de lazer da cidade”, reivindicou Frederico.
 |
"Queremos nossa cachoeira funcionando plenamente"" |
A
reforma política também foi reivindicada pelos manifestantes. No momento em que
a manifestação passou em frente à Câmara Municipal, Iara Cássia, do Coletivo de
Mulheres e militante da Consulta Popular, denunciou como vereadores agem como
servidores da especulação imobiliária. “Muitos projetos foram aprovados nessa
casa legislativa para atender unicamente os interesses do setor imobiliário,
podemos citar a urbanização do trecho que permitiu a construção do Eco Life no
Acamari, a urbanização dos Cristais e a quase urbanização do Paraiso, todos estes
projetos só servem às construtoras e vão trazer danos ao abastecimento de água”,
Iara ainda denunciou que o financiamento de campanha eleitoral pelas empresas
imobiliárias decide para quem vai servir os mandatos dos parlamentares, “o
financiamento de campanha pelas empresas é o que incentiva a corrupção na
política, ao invés de pensar leis para o povo, ficam fazendo leis para atender seus
financiadores!” denuncia.
 |
"Somente com uma Constituinte Exclusiva e Soberana conseguiremos mudar nosso sistema político" |
Outa
intervenção que chamou a atenção foi quando a manifestação cruzou a esquina da
Av. Marechal Castelo Branco. Os manifestantes envolveram a placa da avenida com
um cartaz escrito “Av. Frei Tito” e denunciaram a nomeação de ruas por
representantes do regime militar. O militante do Levante Popular da Juventude, Zeonyr
Barbosa, incentivou a todos a descomemorar os 50 anos da empresa Rede Globo,
celebrada no dia 26 de abril. “A família Marinho se enriqueceu
extraordinariamente durante a ditadura financiada pelos Estados Unidos, a realidade
é dura, a Globo apoiou a ditadura, e hoje serve como principal instrumento para
alienar o povo trabalhador!”.
 |
O povo não é bobo! Abaixo a Rede Globo! |
 |
Av. Marechal Castelo Branco, recebe sua nova nomeação |
O
ato popular em defesa das águas foi encerrado na Praça Silviano Brandão com uma
grande roda e o comprometimento de todos de que continuarão na luta para
defender a vida contra os projetos de privatização da natureza e exploradores
do povo brasileiro.
 |
"É preciso resistir e lutar a favor da vida!" |
 |
Ato Popular movimenta Calçadão |
 |
Equipe de Clowns agitou o Ato Popular |